O Abrigo do Gasômetro, criado por voluntários para abrigar animais durante as enchentes de maio em Porto Alegre, vive agora, quase três meses depois do final da inundação, uma situação descrita como desesperadora. Eles alegam que precisarão sair até a próxima sexta-feira do local privado onde estão alocados, o Kennel Club de Porto Alegre, no bairro Campo Novo, e a Prefeitura e o governo do estado não oferecem uma solução que consideram adequada. Enquanto isso, a equipe corre contra o tempo, pois há 40 cães de todas as idades e tamanhos, entre eles sete filhotes, ainda sob sua guarda.
A equipe, inicialmente de sete voluntários, hoje é de quatro pessoas, e o nome do grupo decorre de onde estavam instalados no começo, na Usina do Gasômetro, como hospital de campanha para acolher animais resgatados das ilhas e Eldorado do Sul. “Conforme eles saíam dos barcos, encaminhávamos para alguns amigos parceiros que faziam a triagem e posterior adoção, se necessário. Mas muitos começaram a fechar, e foi necessário abrir um local para realocá-los”, contou uma das coordenadoras do abrigo, Luísa Sigaran. A equipe diz ter ajudado a resgatar 6,5 mil deles.
O Kennel Club, então, cedeu o espaço às pressas para a permanência do grupo, porém com data prevista de devolução da área, já que a entidade a utiliza para exposições. “Desde então, sempre mantemos o diálogo com o poder público, solicitando algum local para que pudéssemos continuar com este trabalho, assim como houve com outros abrigos”, prosseguiu Luísa. O Gabinete da Causa Animal (GCA) da Prefeitura não firmou convênio com o abrigo. O GCA até conseguiu uma estrutura na terça-feira da semana passada, e a mudança ocorreria no final de semana passado.
“Quando chegamos na quarta para pegar a chave, nos foi passado que isto não era mais uma possibilidade”, disse a voluntária. A Administração, então, propôs o encaminhamento à Unidade de Saúde Animal Victória (USAv), na divisa com Viamão, junto com os animais do abrigo do Vida Centro Humanístico, que tem mais de 300 animais. “O problema é que lá não é um abrigo, então fica muito difícil. Não poderíamos ter acesso a eles, nem as condições em que estão. O USAV não tem estrutura alguma. Fomos enrolados durante todo este tempo”, acrescentou ela.
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