Uma pequena cicatriz ao lado do olho. Esta é a marca que fica no rosto de quem passou por uma cirurgia neuroendoscópica transorbital, a retirada de um tumor do crânio através dos olhos. A intervenção, oferecida de graça pelo SUS, além de planos e particular, é inédita no Rio Grande do Sul e foi realizada no Hospital São José, da Santa Casa de Porto Alegre, no mês de novembro.
"A grande vantagem é que a gente não precisa fazer a retirada grande do osso, a craniotomia. Não se mexe nessa musculatura, que é o que costuma cursar com muita dor no pós-operatório. E também é uma incisão bem menor, tem menos riscos de infecção, de sangramento e uma duração de hospitalização menor", detalha o neurocirurgião da Santa Casa de Porto Alegre, Antônio Delacy.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, há um único relato de operação semelhante na cidade de Barretos, interior de São Paulo.
A reportagem acompanhou o procedimento na instituição gaúcha. No centro cirúrgico, a equipe médica utiliza um endoscópio para acessar o crânio pela lateral do olho. O paciente recebe anestesia geral, e o trabalho dos profissionais se estende por cerca de cinco horas - de tempos, em tempos, a cirurgia é interrompida.
"A gente tem uma série de cuidados. Como agora, a gente estava deslocando um pouco o olho pra parte do meio. A cada 20 ou 30 minutos, a gente para, espera, solta, espera que ele se recupere, digamos assim", complementa Delacy.
"Essa lesão pode comprimir o cérebro ou as estruturas ao redor dele e produzir sintomas pelo seu crescimento, embora ela não seja do próprio cérebro. Então, lesões benignas da base do crânio podem produzir sintomas pelo seu crescimento. Sintomas visuais, sintomas auditivos ou sintomas até de compressão do cérebro, que é a falta de força num braço, falta de força numa perna ou alteração da palavra", complementa Ápio Nunes, chefe do serviço de neurocirurgia do Hospital de Clínicas de Poa
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