Em setembro, Tara Dower se tornou a pessoa mais rápida da história a completar a Trilha dos Apalaches. Seu recorde — 40 dias, 18 horas e 6 minutos — foi 13 horas mais rápido do que o do recordista anterior, um homem. No mesmo ano, Audrey Jimenez, de 18 anos, fez história no Arizona ao se tornar a primeira garota a vencer um título estadual de luta livre da Divisão 1 no ensino médio — competindo contra meninos.
Em uma variedade de esportes, as mulheres não estão apenas alcançando os homens após gerações de exclusão das atividades esportivas — elas estão ditando o ritmo. Em ultramaratonas, as mulheres regularmente superam os homens, especialmente quando as distâncias se aproximam do extremo. Em 2024, Jasmin Paris se tornou uma das 20 únicas pessoas a terminar a brutal corrida de 160 quilômetros da Barkley Marathons em menos de 60 horas – enquanto bombeava leite materno.
Esses não são apenas feitos atléticos. São redefinições culturais. Especialistas dizem que estamos finalmente despertando para o que o corpo feminino é capaz de fazer.
Feitas para resistir
De modo geral, as discussões sobre “força” sempre significaram força bruta e velocidade em curtas distâncias — qualidades historicamente associadas à fisiologia masculina. Mas resistência, recuperação, resiliência e adaptabilidade são tão essenciais para o desempenho atlético quanto. E, nessas áreas, a fisiologia feminina apresenta vantagens reais, segundo especialistas em ciência do esporte, fisiologia humana e antropologia biológica.
O mito da fragilidade feminina é relativamente moderno. Durante a maior parte da história humana, as mulheres carregavam equipamentos, rastreavam presas e caminhavam de 12 a 16 quilômetros por dia — muitas vezes enquanto estavam grávidas, menstruadas, amamentando ou carregando crianças (uma estimativa aponta que mulheres caçadoras-coletoras percorriam mais de 4.800 quilômetros nos quatro primeiros anos de vida de um filho).
Essa base evolutiva sustenta os feitos atuais, dizem os especialistas. “O corpo feminino tem uma resistência à fadiga superior”, afirma Sophia Nimphius, vice-reitora de esportes da Edith Cowan University, em Perth, Austrália.
Comentários: